terça-feira, 8 de março de 2011

The Hours de Stephen Daldry

Soube há pouco tempo que Philip Glass vem tocar, em Maio, à Casa da Música, no Porto. Após ter lido a notícia senti um breve arrepio que se traduz na grande (se não gigante) admiração que tenho pelo compositor, e no facto de que muito dificilmente irei vê-lo ao vivo. É que no ecrã são diversas as marcas deixadas por um dos mais influentes músicos do século XX. Fez trilhas sonoras para filmes como Koyaanisqatsi (1982), Kundun (1997) e The Hours (2002). É sobre esta última banda sonora que vos irei falar. Vencedoras de um BAFTA, as catorze faixas que compõem a trilha sonora deste filme são, sem dúvida, majestosas.  Por outro lado, quem conhece a história que as acompanham, baseada no livro de Virginia Woolf Mrs. Dalloway, diz não a esquecer.
Do filme guardo um momento especial que reúne este dois aspectos tão bons de The Hours - o momento em que Richard Brown (Ed Harris) se dirige a Clarrisa Vauhgn (Meryl Streep), dizendo-lhe:  «I don't think two people could have been happier than we've been». O que há de tão mágico neste momento,  para além da força das palavras, não é só o suícido do amigo de longa data de Clarrissa, mas sim a explosão de sons que surgem com ele; o piano de Philip Glass, que, obedecendo a uma estrutura quase simetricamente definida, ordena o caos no ecrã e dá sentido a toda aquela cena e àquele acto desesperado. Se não fosse The Hours uma crítica profunda aos mecanismos actuais de vida, rotineiros e responsáveis pelo enfado, não faria sentido faixas tão ricas como as de Glass. São elas quem justificam os ambientes monótonos e tristes criados por Stephen Daldry, dando-lhes mais ritmo e sentimentalidade.

Choosing Life de Philip Glass


PUBLICADO POR JOÃO BARROSO

2 comentários:

Anónimo disse...

Always the years between us, always the years. Always the love. Always... the hours.

Muito bom post :-)

sétima partitura disse...

Obrigado. Primeiríssimo comentário :)